LITURGIA - DOMINGO DE PENTECOSTES

 




📖 Atos 2, 1-11

Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos os discípulos reunidos no mesmo lugar De repente veio do céu um ruído, como de vento que soprava impetuoso, e encheu toda a casa, onde estavam sentados. E apareceram-lhes destacadas línguas como de fogo, pousando sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em várias línguas, conforme o Espírito Santo os impelia a se exprimirem. Havia então em Jerusalém, judeus, homens religiosos que aí habitavam de todas as nações que existem sob o céu. Ouvindo-se este ruído ajuntou-se muita gente; e ficaram todos assustados porque cada um os ouvia falar em sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo: Porventura não são Galileus todos estes que estão falando? Como é que os ouvimos falar em nossa língua materna? Nós, Partos, Medos, Elamitas e os que habitam a Mesopotâmia, a Judeia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frigia e a Panfília, o Egito e várias partes da Líbia, próximas de Cirene, e os vindos de Roma, tanto judeus como prosélitos, Cretenses e Árabes, os ouvimos pronunciar em nossas línguas as grandezas de Deus.

📖 Evangelho segundo São João 14, 23-31

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará e viremos a ele e nele faremos morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. A palavra que ouvis não é doutrina minha, mas de meu Pai, que me enviou. Estas coisas vos tenho dito, permanecendo convosco. Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai há de enviar em meu Nome, vos ensinará tudo, e vos fará lembrar tudo quanto vos tenho dito. A paz vos deixo; a minha paz vos dou. Não vola dou, como o mundo vo-la dá. Não se turbe o vosso coração, nem se assuste. Ouvistes o que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amásseis, certamente vos alegraríeis de eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que eu. Eu vo-lo disse agora, antes que isso suceda, para que, quando acontecer, tenhais fé. Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo. Em mim não terá parte alguma. Mas é para que o mundo conheça que amo o Pai, e que faço assim como meu Pai me ordenou.


MEDITAÇÃO 

Na igreja do Apóstolo que primeiro explicou o Mistério deste dia, na basílica de S. Pedro, hoje nos reunimos. No altar, que é obra do Espirito Santo, se vai repetir, por todos os tempos e em todo o orbe (Introito), o que aconteceu naquele memorável dia de Pentecostes, de que fala a Epístola. Imploramos para nós a mesma graça, no Gradual e na Sequencia. No Evangelho, Jesus nos promete a realização deste desejo, que se cumprira no Santo Sacrifício. Unindo-nos ao Filho de Deus virá também habitar em nós o Divino Espírito Santo (Communio). Cheios desse Espírito Divino falaremos também nós das grandezas de Deus. Lembremo-nos que, neste dia, nasceu a Igreja e com ela nasceu igualmente o Apostolado ou a Ação Católica. A força, o amor fervoroso do Divino Espírito Santo nos deve animar e fazer de nós, Sacerdotes, Soldados e Apóstolos do Reino de Deus.

Páginas 542 a 549 do Missal Quotidiano (D. Gaspar Lefebvre, 1963)

Et repleti sunt omnes Spirit Sancto, et coeperunt loqui variis linguis – “E foram todos cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em várias línguas” (At 2, 4)

Sumário. No sacramento da Confirmação todos nós recebemos o mesmo Espírito Santo que Maria Santíssima e os apóstolos receberam hoje tão abundantemente. Consideremos o amor que neste sublime mistério nos mostraram as três Pessoas divinas apesar dos maus tratos que o mundo infligiu a Jesus Cristo. Já que o amor se paga com amor, roguemos ao Espírito divino, que nos abrase o coração com suas felizes chamas, e nos conceda que com a língua louvemos a Deus e o façamos louvar pelos outros.

I. Antes de partir desta terra, o divino Redentor prometeu várias vezes aos apóstolos, que, uma vez voltado para o céu, havia de pedir ao Pai lhes mandasse outro Consolador, o Espírito de verdade, que ficaria sempre com eles. Eis que hoje Jesus cumpre fielmente a sua promessa.

Refere São Lucas que “quando se completaram os dias de Pentecostes, todos os discípulos estavam juntos no mesmo lugar e perseveravam unanimamente na oração com as mulheres e Maria, a Mãe de Jesus. E veio de repente do céu um ruído, como de vento que soprasse com ímpeto e encheu toda a casa onde estavam sentados. E lhes apareceram repartidas umas como que línguas de fogo que repousaram sobre cada um deles. E foram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em várias línguas conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem“.

Consideremos aqui o amor que Deus nos mostrou em tão sublime mistério, porquanto no sacramento da Confirmação nós temos recebido o mesmo Espírito Santo, o Consolador, que Maria Santíssima e os apóstolos receberam hoje tão abundantemente e de um modo tão admirável. O Pai Eterno, não satisfeito de nos ter dado seu Filho divino, quis ainda dar-nos o Espírito Santo afim de que habitasse sempre em nossas almas e conservasse nelas aceso o fogo sagrado do amor. O mesmo faz o Filho Eterno, não obstante os maus tratos que os homens lhe infligiram na terra.

O Espírito Santo, pois, desce ao Cenáculo em forma de línguas de fogo, para nos ensinar que por nosso amor assumiu o ofício amoroso de dirigir as línguas dos apóstolos e dos seus sucessores, na pregação do Evangelho. Apareceu também em forma de chamas, para insinuar que alumiará os espíritos, purificará os corações e estimulará as vontades de todos os fiéis, para trabalharem na santificação própria e na dos outros. Oh! Que grande amor da parte da Santíssima Trindade!

II. Amor se paga com amor. Visto, pois, que ao mistério deste dia toda a Santíssima Trindade se esmerou em nos patentear o amor que Deus nos tem, justo é que o amemos com todas as nossas forças. Roguemos, portanto, ao Espírito Santo queira ascender em nossos corações as chamas sagradas do seu amor.

Ó Espírito Santo, divino Paráclito, pai dos pobres consolador dos aflitos, santificador das almas, eis-me aqui prostrado em vossa presença, para Vos adorar com a mais perfeita submissão. Creio firmemente que sois Deus eterno, da mesma substância com o Pai e o Filho divino, e amo-Vos com todos os meus afetos sobre todas as coisas. Ingrato e insensível a vossas santas inspirações, tantas vezes Vos ofendi pelos meus pecados. Peço-Vos humildemente perdão e pesa-me sumamente ter-Vos desagradado, ó Bem supremo.

Ofereço-Vos o meu pobre coração e peço-Vos queirais purificá-lo com a água de vida eterna, e fertilizá-lo com o orvalho celestial, afim de que seja morada digna de Deus e só em Deus ache repouso. Sois fogo; abrasai-me de vosso santo amor; sois um laço, prendei-me com os laços de caridade; sois força; dai-me forças contra os espíritos malignos. Sois finalmente o tesouro de todo o bem; enriquecei-me com todos os vossos dons celestiais, assim como enriquecestes a alma de Maria Santíssima e dos santos apóstolos.

A mesma graça peço-a de Vós, ó Eterno Pai. “Vós, que no presente dia ensinastes os corações dos fiéis com a luz do Espírito Santo, dai-nos pelo mesmo Espírito o conhecimento e o amor do que é reto, e que sempre gozemos da sua consolação” (1). Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.

Referências:

(1) Or. Dom. curr.

 Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 123-125  Santo Afonso Maria de Ligório


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