XVII DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

"Ut sint unum: para que eles sejam um só", pediu Jesus na última Ceia. Desde aquele momento, não cessa em cada uma das santas Missas de querer esta união entre os fiéis. De um modo particular Ele o faz na Missa deste domingo. Pela boca do Apóstolo, na Epístola, recomenda-nos esta união. Ele próprio a ordena no Evangelho. Em virtude de sua divindade e sendo Ele o Medianeiro entre Deus e os homens, compete-Lhe o direito de ordenar. Como outrora, no cativeiro de Babilônia, Daniel implorou o perdão para o povo penitente (Ofertório), assim Jesus Cristo se sacrifica por nossos pecados, implora perdão no Santo Sacrifício e destrói o que possa perturbar a paz e a união da Igreja.

📙- MISSAL QUOTIDIANO COMPLETO / EM PORTUGUÊS com o próprio do Brasil edição B - editado e impresso nas oficinas  do Mosteiro de São Bento / Bahia, 23 de dezembro de 1957.


EPÍSTOLA DE SÃO PAULO AOS EFÉSIOS

📖 - Eph IV. 1-6

"Irmãos: Eu, que me acho preso pelo amor do Senhor, vos rogo que andeis como é digno da vocação a que fostes chamados: em toda humildade e mansidão, com paciência, suportando-vos uns aos outros na caridade, e procurando guardar a união do Espírito, no vínculo da paz. Um só corpo e um só Espírito [sois vós], como também sois chamados a uma só esperança por vossa vocação. Um Senhor, uma fé, um batismo, um Deus e Pai de todos, que está acima de todos e age em tudo e em todos nós. Seja Ele bendito pelos séculos dos séculos. Ámen."


SEQÜÊNCIA DO SANTO EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS

📖 - Matth XXII. 34-46

"Naquele tempo, chegaram-se a Jesus os fariseus, e um deles, que era doutor da lei, perguntou-Lhe para O tentar: Mestre, qual é o grande mandamento da lei? Disse-lhe Jesus: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o máximo e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. E estando juntos os fariseus, interrogou-os Jesus, dizendo: Que vos parece do Cristo? de quem é Filho? Responderam-Lhe: De Davi, Jesus lhes disse: Como pois, em espírito, Davi O chama Senhor, dizendo: O Senhor disse a meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos como escabelo de teus pés? Se, pois Davi O chama Senhor, como é Ele o seu filho? E ninguém pôde responder-Lhe uma só palavra; e desde aquele dia ninguém ousou mais fazer-Lhe perguntas."


O COMPÊNDIO DA LEI É O PRECEITO DA CARIDADE

📖 - Matth XXII. 40

"In his duobus mandatis universa lex pendet et prophetæ"

Nestes dois mandamentos está encerrada toda a lei e os profetas"

➡️ Sumário

Eis aí a bela resposta que Jesus deu ao fariseu que lhe perguntou sobre qual era o maior preceito da lei: "Amarás", disse-lhe, "o Senhor teu Deus de todo o teu coração… Este é o máximo e o primeiro mandamento. E o segundo é semelhante a este: Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Nestes dois mandamentos está encerrada toda a lei e os profetas". Meu irmão, como é que praticas o grande mandamento da caridade? Amas a teu Senhor de todo o teu coração?… Amas a teu próximo como a ti mesmo?

I. Estamos no mundo não para entesourar riquezas, nem para obter dignidades, nem para granjear celebridade; mas unicamente para amar a Deus. O amor de Deus é aquela única coisa necessária da qual fala São Lucas, e tudo quanto não se faz para este fim é perder o tempo.

Eis porque Jesus Cristo respondeu ao fariseu que lhe perguntou qual era o preceito fundamental da lei: "Este é o máximo e o primeiro mandamento: Amarás ao Senhor teu Deus" – Diliges Dominum Deum tuum. – E explicando depois a maneira como o devemos amar, acrescenta:

"Amá-lo-ás de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento."

Como observa Santo Agostinho, estas três palavras significam que nenhuma parte de nossa vida ficou deixada a nosso alvedrio, e não nos é mais lícito pormos o nosso afeto em qualquer outra coisa que não seja Deus.

Devemos, pois, amar o Senhor com amor de preferência, isto é, preferi-lo a todas as coisas e estar prontos a perder antes a vida do que a graça divina. Com amor de benevolência, desejando vê-Lo amado de todos e pedindo ao Senhor pela conversão de todos aqueles que não O amam. Com amor doloroso, detestando os nossos pecados, não tanto por termos perdido o céu e merecido o inferno, como por termos ofendido ao Senhor que é a bondade infinita. Com amor de conformidade com a vontade divina, oferecendo-nos muitas vezes a Deus afim de que disponha de nós segundo a sua vontade. Devemos finalmente amar o Senhor com amor paciente, não nos importando mais nem com as ignomínias, nem com os sofrimentos, desejando mesmo sofrer e ser humilhados por amor de Jesus Cristo. É este o amor forte que dá a conhecer os verdadeiros amantes de Deus. Feliz de quem o possui!

II. Quem ama a Deus, amará necessariamente também a seu próximo, porquanto, no dizer de São Gregório, estes dois amores estão de tal modo unidos, que o segundo nasce do primeiro, e o primeiro alimenta-se do segundo. E acrescenta que um abrange o outro, pois que "são dois elos de uma mesma cadeia; dois atos de uma mesma virtude, dois títulos de mérito diante de Deus, que se encontram sempre acompanhados um do outro."

Eis porque o Senhor, no Evangelho de hoje, depois de explicar o máximo e o primeiro mandamento do amor para com Deus, logo acrescenta, mesmo sem ser perguntado:

"O segundo é semelhante ao primeiro: Amarás a teu próximo como a ti mesmo."

E conclui com estas palavras:

"Nestes dois mandamentos está encerrada toda a lei e os profetas."

Como se dissesse que a estes dois mandamentos do amor se referem todos os demais, e que quem observa aqueles guarda também estes. Para que alguém saiba se ama a Deus, e a que degrau de perfeição tenha chegado, basta que examine de que modo ama a seu próximo.

Meu Deus, amo-Vos de todo o meu coração sobre todas as coisas, porque sois infinitamente bom e digno de ser amado. Por amor de Vós amo também a meu próximo como a mim mesmo. Do fundo de meu coração arrependo-me de todos os meus pecados e detesto-os porque Vos ofendi, ó bondade infinita. Proponho antes morrer do que ofender-Vos. – Mas Vós, ó meu Senhor, ajudai-me com a vossa graça, que Vos peço me concedais agora e sempre; e "fazei que eu evite os contágios diabólicos e continue a servir com pureza de alma a Vós, que sois meu Deus". (1) † Doce Coração de Maria, sede minha salvação.

Referências:

(1) Or. Dom.

📗 - (LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 115-117)


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