XXV DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

 


EPÍSTOLA DE SÃO PAULOS AOS TESSALONICENSES

📖 - I Thess I. 2-10

"Irmãos: Damos sempre graças a Deus por todos vós, fazendo continuamente, menção de vós em nossas orações. Lembramo-nos diante de Deus, nosso Pai, da obra de vossa fé, dos trabalhos de vossa caridade e da firmeza de vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus, que fostes escolhidos, porquanto o nosso Evangelho não vos foi pregado somente em palavras, mas na força do Espírito Santo e em grande plenitude, como sabeis que estivemos entre vós para o vosso bem. E vós vos fizestes imitadores nossos e do Senhor, recebendo a palavra no meio de muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo, a tal ponto que servistes de modelo para todos os crentes, na Macedônia e na Acaia. Porque entre vós, não só a palavra do Senhor se divulgou na Macedônia e na Acaia, como ainda a vossa fé em Deus correu por toda a parte, de modo que não nos é necessário dizer coisa alguma, uma vez que eles mesmos contam qual o acolhimento que tivemos entre vós e como vos convertestes dos ídolos para Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro, e para esperardes do céu o seu Filho Jesus (a quem ressuscitou dentre os mortos) que nos livrou da ira futura."


SEQÜÊNCIA DO SANTO EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS

📖 - Matth XIII. 31-35

"Naquele tempo, propôs Jesus ao povo esta parábola: «O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou em seu campo. Este grão é, em verdade, a menor de todas as sementes, mas depois de crescida, é a maior de todas as hortaliças e chega a tornar-se uma árvore, de maneira que as aves do céu se vêm aninhar entre os seus ramos. Disse-lhes ainda outra parábola: O Reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até que toda ela fique levedada. Todas estas coisas disse Jesus ao povo, em parábolas, e não lhes falava senão em parábolas, para que se cumprisse o que estava escrito pelo Profeta: Abrirei em parábolas os meus lábios e publicarei coisas ocultas desde a criação do mundo»."


MEDITAÇÃO DO VIGÉSIMO QUINTO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES - SEXTO DOMINGO QUE SOBROU DEPOIS DA EPIFANIA

O GRÃO DE MOSTARDA E A IGREJA CATÓLICA

📖 - Matth XIII. 31

"Simile est regnum cœlorum grano sinapis, quod accipiens homo seminavit in agro suo"

"O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo"

Sumário

No Evangelho de hoje a Igreja Católica é comparada a um grão de mostarda; porque, posto que pequena na sua origem, em breve se dilatou de tal modo, que todas as nações se puseram debaixo da sua proteção. Já que temos a ventura de pertencer a esta Igreja, demos graças por isso a Deus. Se, porém, desejamos que a fé nos salve, meditemos frequentemente nas máximas salutares da fé e façamos por não sermos do número daqueles que, vivendo no pecado ou na tibieza, são membros mortos ou moribundos.

I. O divino Redentor compara o reino dos céus, isto é, a sua Igreja, a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. E com razão; pois, assim como a mostarda é a menor das sementes, assim a Igreja de Jesus Cristo foi na sua origem muito pequena e desprezível aos olhos dos homens.

— Pequena e desprezível em seu fundador; que, posto que fosse Deus, quis passar sua vida na obscuridade e nas humilhações e afinal morreu crucificado entre dois ladrões, pelo que dizia o Apóstolo "(...) que Jesus foi para os judeus escândalo e para os gentios loucura (1).

— Pequena também e desprezível em sua doutrina; porque quanto à fé impõe para crer dogmas superiores e, na aparência, contrários à razão humana; quanto às obras, ensina máximas bastante difíceis e humilhantes: manda-nos sofrer as injúrias, perdoar aos inimigos, renunciar a nós mesmos.

— Pequena finalmente e desprezível nos meios para se propagar; pois que para a sua dilatação foram escolhidos doze pobres pescadores, homens sem prestígio e sem instrução: Quæ stulta sunt huius mundi elegit Deus (2) — "Deus escolheu o que é insensato segundo o mundo".

Mas assim como o grão de mostarda, "quando tem crescido, é a maior de todas as hortaliças e se faz árvore, de maneira que vêm as aves do céu e se aninham em seus ramos", assim também a Igreja de Jesus Cristo, pequena e desprezível na sua origem, com o auxílio de Deus cresceu em breve tempo de tal maneira, que uma multidão de pessoas, e entre estas reis, imperadores e sábios, a ela vieram abrigar-se, achando a verdadeira felicidade.

— Meu irmão, dá graças ao Senhor por teres nascido no grêmio desta Igreja; cuida, porém, que não sejas um membro morto ficando no estado de pecado, ou moribundo, vivendo em tibieza voluntária.

II. O grão de mostarda, como observa Santo Agostinho, tem virtude medicinal, pois que expele do corpo os humores nocivos e fortalece os estômagos fracos. Nesta propriedade os santos intérpretes vêem uma figura, não só da Igreja em geral, mas também das verdades evangélicas, e especialmente daquelas máximas que apagam o ardor da concupiscência e nos confirmam no exercício do bem começado. Mas para experimentarmos efeito tão salutar, não nos devemos contentar com o conhecimento e a crença nestas santas máximas. À imitação do homem da parábola, devemos além disso semeá-las no campo do nosso coração, isto é, considerá-las muitas vezes antes de nossas ações, e por assim dizer, mastigá-las por uma meditação refletida; pois que também neste particular são semelhantes ao grão de mostarda, o qual, na palavra de Santo Ambrósio, é tanto mais cheiroso, quanto mais se esfrega: Quanto plus teritur, tanto plus redolet.

Ó meu Deus, que graças Vos poderei dar por me haverdes chamado com tanto amor a fazer parte da vossa família? Como podia merecer tão grande graça apesar da previsão de tantas injúrias que Vos havia de fazer?! E eu tenho a ventura de estar no seio da vossa Igreja (de ser admitido a viver na vossa casa), na companhia de tantos servos vossos, com os mais abundantes meios para a minha santificação.

Meu Senhor, espero agradecer-Vos melhor no céu, e ali cantar eternamente as vossas misericórdias para comigo. Entretanto sou vosso, e vosso quero ser sempre; já me dei todo a Vós, agora renovo a minha consagração. Quero ser-Vos fiel; não Vos quero mais ofender, custe o que custar; quero, numa palavra, ser católico (eclesiástico, religioso), não só pelo nome, mas pelo fato. — Vós, porém, ó Deus todo-poderoso, ajudai-me com a vossa graça.

"Fazei que esteja sempre ocupado em meditar as vossas santas máximas, e que as minhas palavras e obras sejam sempre conformes ao vosso divino beneplácito." (3)

† Doce coração de Maria, sede minha salvação.

Referências:

(1) 📖 - I Cor I. 23

(2) 📖 - I Cor I. 27

(3) Or. Dom. curr.

📗 - (LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 292-300)

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