FESTA DE CRISTO REI

 


✝️ - EPÍSTOLA DE SÃO PAULO AOS COLOSSENSES

📖 - Col I. 12-20

"Irmãos. Damos graças a Deus Padre, que nos fez dignos de participar da sorte e herança dos Santos na luz; que nos tirou do poder das trevas e nos transportou ao Reino do Filho do seu Amor. Nele, por seu Sangue, temos a redenção, a remissão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criatura. Porque Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, quer as visíveis, quer as invisíveis, os Tronos, as Dominações, os Principados, as Potestades tudo foi criado por Ele e Nele. E Ele está acima de todas as coisas, e todas subsistem por Ele. Ele é também a Cabeça do Corpo da Igreja, é o principio, o primogênito dentre os mortos. Ele em tudo tenha a primazia, porque foi do agrado do Pai que n'Ele residisse toda a plenitude [da perfeição divina]: para que se reconciliassem por Ele todas as coisas, pacificando pelo Sangue derramado na Cruz, tanto as coisas da terra como as coisas dos céus no Cristo Jesus, Senhor nosso."


✝️ - SEQÜÊNCIA DO SANTO EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO

📖 - Jo XVIII. 33-37

"Naquele tempo, disse Pilatos a Jesus: És tu o Rei dos judeus ? Respondeu Jesus: Dizes isso por ti mesmo ou foram outros que to disseram de mim? Respondeu Pilatos: Sou eu, por ventura, judeu? Tua gente e os pontífices Te entregaram a mim. Que fizeste pois? Respondeu Jesus: Meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, meus servos pelejariam, para que eu não fosse entregue aos judeus: porém agora meu Reino não é daqui. Disse-Lhe então Pilatos: Logo, Tu és Rei ? Respondeu Jesus: Tu dizes: Eu sou Rei. Eu para isto nasci e para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho à verdade. Todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz."


MEDITAÇÃO PARA FESTA DE CRISTO REI

Ó Jesus, Príncipe dos séculos, Rei das gentes, sede o único Rei da minha mente e do meu coração.

1 — A liturgia de hoje é um verdadeiro hino triunfal em honra da Realeza de Cristo. Desde as primeiras Vésperas da festa, a figura de Jesus apresenta-se majestosa, sentada no trono real que domina todo o mundo: "O Seu reino é um reino sempiterno; todos os reis O hão de servir e Lhe hão de obedecer. Assentar-se-á e dominará e anunciará paz aos povos". A Missa principia com a visão apocalíptica deste Rei singular, cuja realeza está intimamente ligada à Sua imolação pela salvação dos homens: "Digno é o cordeiro que foi imolado, de receber o poder e a divindade, a sabedoria e a força e a honra. A Ele a glória e o império pelos séculos dos séculos" (Intróito).

Na Epístola (Col I. 12-20), São Paulo enumera os títulos que fazem de Cristo o Rei de todos os reis. "Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criatura; porque n'Ele foram criadas todas as coisas nos Céus e na Terra, as visíveis e as invisíveis". Estes títulos pertencem a Cristo como Deus, imagem perfeita do Pai, causa exemplar de todas as criaturas terrestres e celestes e também como Criador, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, de tudo quanto existe, de modo que nada existe sem Ele, mas "tudo foi criado por Ele e para Ele… e todas as coisas subsistem por Ele". Seguem-se os títulos da Sua realeza como homem: "Ele é a cabeça do Corpo da Igreja (…) e foi do agrado de Deus que por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, pacificando-as pelo Sangue da Sua Cruz". Sendo já nosso Rei pela Sua divindade, é-o igualmente em virtude da Sua Encarnação, que O constituiu Cabeça da humanidade e também pela Sua Paixão, mediante a qual reconquistou as nossas almas, que já Lhe pertenciam como criaturas, à custa do Seu Sangue. Jesus é nosso Rei no sentido mais amplo da palavra: criou-nos, remiu-nos, vivifica-nos com a Sua graça, alimenta-nos com a Sua carne e com o Seu Sangue, governa-nos com o Seu amor e através do amor atrai-nos para Si. Em face de tais considerações, brota espontaneamente do nosso coração o grito de S. Paulo: "Demos graças a Deus Pai (…) que nos livrou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a Redenção, a remissão dos pecados".

2 — No Evangelho do dia (Jo. XVIII. 33-37), temos a mais autorizada proclamação da Realeza de Cristo, pois saiu dos Seus próprios lábios, num momento soleníssimo, no processo que precedeu a Sua Paixão. Pilatos interroga-O precisamente a este respeito: "Tu és o rei dos Judeus?" A esta primeira pergunta Jesus não responde diretamente; Ele, com efeito, não é rei de um povo determinado e o Seu reino nada tem que ver com os reinos da Terra. Mas à segunda pergunta, mais exata que a primeira: "Logo, tu és rei?", responde sem reticências: "Tu o dizes, sou rei". Jesus declara a Sua realeza do modo mais formal, diante da suprema autoridade da Palestina e declara-a não no meio de um povo que aplaude, nem no meio do triunfo dos Seus milagres, mas preso com cadeias, diante daquele que está para O condenar à morte, na presença de um povo sedento do Seu sangue, poucos momentos antes de ser arrastado para o Calvário onde, no alto da Cruz, acima da Sua cabeça coroada de espinhos, aparecerá pela primeira vez o título da sua realeza: "Jesus Nazareno, Rei dos Judeus" (Jo. XIX. 19). Ele, que fugira quando as turbas entusiasmadas O queriam fazer seu rei, proclama-Se rei no meio das inauditas humilhações da Paixão, afirmando assim claramente que o Seu reino não é deste mundo, que a Sua realeza é tão sublime que nenhum vitupério, nenhum ultraje a pode ofuscar. Mas com este gesto, Jesus diz-nos também que gosta muito mais de fazer resplandecer a Sua realeza sob o aspecto de conquista realizada à custa do Seu Sangue, do que sob um título que Lhe pertence em virtude da Sua natureza divina.

Com todo o ímpeto da nossa alma, devemos ir ao encontro deste Rei divino que Se nos apresenta sob um aspecto tão humano, tão amoroso, tão acolhedor, deste Rei divino que estende os Seus braços sobre a Cruz, a fim de a todos nos atrair a Si, que nos mostra a chaga do lado como símbolo do Seu amor. Não somente não queiramos fugir ao Seu império, mas peçamo-lo, solicitemo-lo, para que Ele tenha o primado na nossa mente e no nosso coração, para que exerça um pleno domínio sobre a nossa vontade; nós, com tudo o que temos, queremos sujeitar-nos "ao Seu suavíssimo império" (Colecta).

📙— Extraído do Livro Intimidade Divina. Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D. Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967.


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