2º DOMINGO DEPOIS DA EPIFANIA

 


✝️ - EPÍSTOLA DE SÃO PAULO AOS ROMANOS

📖 - Rom XII. 6-16

"Irmãos: Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia, exerça-o conforme a fé. Aquele que é chamado ao ministério, dedique-se ao ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine; o dom de exortar, que exorte; aquele que distribui as esmolas, faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo; aquele que exerce a misericórdia, que o faça com afabilidade. Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem. Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros. Não relaxeis o vosso zelo. Sede fervorosos de espírito. Servi ao Senhor. Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração. Socorrei às necessidades dos fiéis. Esmerai-vos na prática da hospitalidade. Abençoai os que vos perseguem; abençoai-os, e não os praguejeis. Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram. Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisa modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos.


 - SEQÜÊNCIA DO SANTO EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO

📖 - Jo II. 1-11

"Naquele tempo, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de Jesus. Também foram convidados Jesus e os seus discípulos. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm vinho. Respondeu-lhe Jesus: «Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou». Disse, então, sua mãe aos serventes: Fazei o que ele vos disser. Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou três medidas. Jesus ordena-lhes: «Enchei as talhas de água. Eles encheram-nas até em cima. Tirai agora, disse-lhes Jesus, e levai ao chefe dos serventes». E levaram. Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de onde era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água), chamou o noivo e disse-lhe: É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora. Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia. Manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.


MEDITAÇÃO  SEGUNDO DOMINGO DEPOIS DA EPIFANIA

• DESEJO QUE JESUS TEVE DE SOFRER POR NÓS

📖 - Luc XII. 50

"Baptismo habeo baptizari, et quomodo coarctor, usquedum perficiatur"

"Tenho de ser batizado com um batismo; e quão grande não é a minha ansiedade até que ele se cumpra"

➡️ Sumário

Podia Jesus salvar-nos sem sofrer. Mas não; por nosso amor quis abraçar uma vida de dores e de desprezos, sem qualquer consolação terrena. Mais, durante toda a sua vida suspirava continuamente pela hora de sua morte, a fim de ser batizado com o seu próprio sangue e limpar-nos das imundícies dos nossos pecados. Em vista de tudo isso, como poderemos deixar de amá-Lo de todo o nosso coração, e recusar-nos a sofrer alguma coisa por seu amor?

I. Podia Jesus salvar-nos sem sofrer; mas não, quis abraçar uma vida de dores e de desprezos, sem qualquer consolação terrestre, e uma morte toda amargosa e desolada, unicamente para nos fazer compreender o amor que nos tinha e o seu desejo de ser amado por nós. Durante toda a sua vida Jesus suspirava pela hora da morte, que Ele desejava oferecer a Deus a fim de obter para nós a salvação eterna. É este o desejo que o fazia dizer: Baptismo habeo baptizari, et quomodo coarctor, usquedum perficiatur — "Tenho de ser batizado com um batismo; e quão grande não é a minha ansiedade até que ele se cumpra!" Jesus desejava ser batizado com o seu próprio sangue, para expiar, não os pecados próprios, senão os nossos. Ó amor infinito! Infeliz de quem não Vos conhece e não Vos ama.

Foi esse mesmo desejo que na véspera de sua morte Lhe inspirou estas palavras: Desiderio desideravi hoc Pascha manducare vobiscum (1) — "Tenho desejado ansiosamente comer esta Páscoa convosco". Falando assim, demonstrou que em toda a sua vida não tivera outro desejo, a não ser o de ver chegado o tempo de sua paixão e morte, a fim de patentear ao homem o amor imenso que lhe tinha. — É pois, verdade, ó meu Jesus, almejais o nosso amor com tamanha veemência, que para o ganhardes não recusastes a morte! Como poderei negar alguma coisa a um Deus que por meu amor deu o seu sangue e a sua vida?

II. Diz São Boaventura que causa pasmo ver um Deus padecer por amor dos homens; mas que mais pasmo causa ver homens que contemplam um Deus que sofre por amor deles, que se fez criança e está tiritando de frio numa gruta, que vive como pobre oficial numa humilde loja e afinal morre, como um réu, sobre a cruz, e todavia não ardem de amor para com um Deus tão amante, ou mesmo chegam a desprezar o amor divino por amor dos vis prazeres da terra: como é possível que um Deus ame tanto os homens, e que estes, tão gratos aliás para com seus semelhantes, sejam tão ingratos para com Deus?

Ah! Jesus meu, eu também tenho sido do número destes ingratos. Dizei-me: como pudestes aceitar tantos sofrimentos por meu amor, apesar da previsão das injúrias que Vos havia de fazer? Mas já que me tendes suportado e me quereis ver salvo, dai-me uma grande dor dos meus pecados, uma dor proporcionada à minha ingratidão. Abomino e detesto sinceramente todos os desgostos que Vos tenho causado. Se em tempos passados desprezei a vossa graça, agora estimo-a acima de todos os reinos da terra. Amo-Vos de toda a minha alma, ó Deus de infinito amor, e desejo viver unicamente para Vos amar. Abrasai-me mais, e dai-me mais amor. Lembrai-me sempre o amor que me tendes dedicado, a fim de que o meu coração esteja sempre abrasado em vosso amor, assim como o vosso ardia no meu amor.

— Ó Coração amante de Maria, acendei em meu pobre coração o fogo do santo amor.

Referências:

(1) 📖 - Luc XXII. 15

📗 - (LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 154-156)

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